Caracterização dos eventos de ressurgência em Cabo Frio por meio dos dados de uma boia meteoceanográfica do Programa Nacional de Boias (PNBoia)

Março de 2012 a fevereiro de 2013

  • Alexandre Luiz Coelho
  • Thaise Sena Oliveira
  • Juliana Marques Coelho Borba
  • Thalita Mirian Santos Furtado
  • Eduardo José Araújo Correia Lima
  • Hélio Jorge da Paixão Marques
Palavras-chave: TSM, Ressurgência costeira, ACAS, Transporte de Ekman, Camada de Ekman, Percentual de massa d’água

Resumo

Por meio da análise temporal dos dados de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) obtidos pela boia "Cabo Frio" do PNBOIA, localizada em frente a Arraial do Cabo, a 3 km da costa, dos dados de ventos do modelo ERA5 (reanálise) e da identificação de períodos em que a TSM esteve igual ou inferior a 18°C, foi possível caracterizar 16 eventos de ressurgência costeira. A maioria destes eventos ocorreu na primavera (5) e no verão (6). As direções dos ventos que induziram estes eventos foram predominantemente de nordeste (35° - 65°), com uma frequência de 43%. Sob a influência destes ventos de nordeste, o maior tempo decorrido para que a TSM resfriasse até 18°C foi de 87 h, no inverno, provavelmente porque quando o vento entrou no primeiro quadrante a Água Central do Atlântico Sul (ACAS) estava mais distante da costa e em regiões mais profundas. Na primavera e no verão, por outro lado, estes tempos de resposta foram menores. A média sazonal da TSM variou inversamente com a frequência, a duração e intensidade térmica dos eventos, sendo mínima na primavera, quando ocorreram os eventos mais longos e frios. O transporte de Ekman foi para sudeste, sendo as componentes meridionais (offshore) maiores do que as componentes zonais. Durante os eventos de ressurgência, com a intensificação do vento, houve uma consequente intensificação do transporte de Ekman e da camada de Ekman, com resfriamento da TSM. Durante dez eventos de ressurgência, a camada de Ekman ocupou toda a coluna d’água, indicando o preenchimento desta pela ACAS. A partir desta análise, é possível observar que a intensidade térmica dos eventos de ressurgência depende da duração do vento, da posição em que a ACAS se encontra na plataforma continental quando o vento entra no primeiro quadrante e do percentual de massa que a ACAS apresenta nesta posição.

Publicado
2023-12-07