Caracterização dos eventos de ressurgência em Cabo Frio por meio dos dados de uma boia meteoceanográfica do Programa Nacional de Boias (PNBoia)
Março de 2012 a fevereiro de 2013
Resumo
Por meio da análise temporal dos dados de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) obtidos pela boia "Cabo Frio" do PNBOIA, localizada em frente a Arraial do Cabo, a 3 km da costa, dos dados de ventos do modelo ERA5 (reanálise) e da identificação de períodos em que a TSM esteve igual ou inferior a 18°C, foi possível caracterizar 16 eventos de ressurgência costeira. A maioria destes eventos ocorreu na primavera (5) e no verão (6). As direções dos ventos que induziram estes eventos foram predominantemente de nordeste (35° - 65°), com uma frequência de 43%. Sob a influência destes ventos de nordeste, o maior tempo decorrido para que a TSM resfriasse até 18°C foi de 87 h, no inverno, provavelmente porque quando o vento entrou no primeiro quadrante a Água Central do Atlântico Sul (ACAS) estava mais distante da costa e em regiões mais profundas. Na primavera e no verão, por outro lado, estes tempos de resposta foram menores. A média sazonal da TSM variou inversamente com a frequência, a duração e intensidade térmica dos eventos, sendo mínima na primavera, quando ocorreram os eventos mais longos e frios. O transporte de Ekman foi para sudeste, sendo as componentes meridionais (offshore) maiores do que as componentes zonais. Durante os eventos de ressurgência, com a intensificação do vento, houve uma consequente intensificação do transporte de Ekman e da camada de Ekman, com resfriamento da TSM. Durante dez eventos de ressurgência, a camada de Ekman ocupou toda a coluna d’água, indicando o preenchimento desta pela ACAS. A partir desta análise, é possível observar que a intensidade térmica dos eventos de ressurgência depende da duração do vento, da posição em que a ACAS se encontra na plataforma continental quando o vento entra no primeiro quadrante e do percentual de massa que a ACAS apresenta nesta posição.