Os pracinhas na tela
a representação da Segunda Guerra Mundial no cinema brasileiro de ficção
Abstract
O presente artigo propõe analisar a produção cinematográfica brasileira sobre a Segunda Guerra Mundial. Selecionamos Sangue, amor e neve (Jerônimo Jeberlotti, 1958) e A Estrada 47 (Vicente Ferraz, 2013) para analisar seu conteúdo e suas visões. A questão imagética relacionada à guerra é bastante ampla nas áreas da fotografia e da pintura. O mesmo não ocorre com o cinema. A Segunda Guerra Mundial foi pouco retratada pelo cinema brasileiro. Quando o foi, enxergou visões bastante variadas e por vezes até antagônicas em nosso imaginário da guerra. À luz do pensamento sobre guerra e cinema do filósofo Paul Virilio, analisaremos a estrutura narrativa e o conteúdo dos dois filmes para estabelecer o que possuem como pontos comuns além do pano de fundo; porque são, além de drama ou romance, filmes de guerra; e se nestas obras a guerra é gênero ou subgênero. Observando as características da subdivisão do filme de guerra proposta pelo historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva, os distinguiremos entre filmes pacifistas e os filmes mobilizadores. É possível enxergar nestes filmes uma alteração no pensamento geral brasileiro sobre a “nossa” guerra. Pouco depois do conflito, quando quase toda a população adulta se recorda de ver medo, violência e ódio nos trazendo guerra, a narrativa é ufanista e combativa. Décadas depois, distantes das mortes e do passionalismo, a avaliação é uma visão macro da guerra enquanto instituição.