A construção discursiva do argumento da “civilização nos trópicos” na narrativa de guerra "A Retirada da Laguna"

Resumo

Este estudo examina a narrativa de guerra A Retirada da Laguna, de Alfredo d’Escragnolle Taunay, (o Visconde de Taunay), episódio que ocorreu no contexto da Guerra do Paraguai (1864 – 1870). O livro relata as experiências e os terríveis sofrimentos por que passaram os integrantes daquela coluna expedicionária, dentre eles o autor do livro, que integrava a Comissão de Engenheiros, e que, com seus companheiros de guerra, experimentou “39 léguas ao todo percorridas em 35 dias de dolorosa recordação”, de 8 de maio a 11 de junho de 1867. A leitura da obra deixa flagrante a presença de uma polarização dos conceitos referenciais de civilização e barbárie, e oferece-nos a temática principal selecionada para esta pesquisa, o entendimento da obra como um instrumento para o enaltecimento do império brasileiro, e como tentativa de inserção da nação no rol dos povos considerados civilizados no mundo ocidental. Nesses termos, o estudo se desenvolve com o objetivo de entender e explicitar o que era o conceito de civilização para o autor, considerando seus valores pessoais e seu contexto de época; e, por meio de uma abordagem da linguagem afinada com os estudos de discurso, identificar os saberes linguísticos e de conhecimento de mundo mobilizados pelo autor para favorecer, no plano textual da obra, a perspectiva civilizatória e humanitária da guerra travada.