Vulnerabilidade Estrutural da Venezuela e os Impactos ao Entorno Estratégico Sul-Americano
Resumo
O trabalho analisa geopoliticamente como a vulnerabilidade
venezuelana impacta a estabilidade da América do Sul, onde o Brasil
desempenha relativo protagonismo. À luz da Teoria do Complexo
Regional de Segurança (TCRS), parte-se da hipótese de que tal
vulnerabilidade afeta o espaço sul-americano, pois a segurança dos
atores estatais seria interdependente em um complexo. De um lado,
a vulnerabilidade é explicada mediante a dimensão estrutural das
reservas de hidrocarbonetos. Por outro, os impactos à estabilidade
sul-americana tangenciam o protagonismo brasileiro por meio dos
seguintes vetores: geopolítica da energia, comercial-financeiro, fluxo
migratório e integração regional. Tal modelo analítico verifica que a
paralisia de mecanismos regionais à crise venezuelana segue a lógica
de construção de padrões de amizade/inimizade, baseados na cláusula
democrática que sustenta os processos de integração regional. A
formação desses padrões, segundo a TCRS, se alinha via mecanismo
de penetração a potências externas, harmonizando-se a segurança
regional e a global. A criação do Grupo de Lima e o esvaziamento dos
organismos regionais, que, com efeito, isolam a crise venezuelana e
desafiam o protagonismo do Brasil, são fenômenos que caracterizam
os padrões de amizade/inimizade em curso, alinhados às identidades
e interesses promovidos pela potência externa hegemônica e a ordem
internacional por ela protegida.