Análise do emprego da força militar pelos EUA no período Pós-Guerra Fria à luz dos conceitos de Guerras Pós-Modernas
Abstract
Este texto analisa as campanhas de emprego de força
militar que os Estados Unidos da América (EUA)
empreenderam entre o término da Guerra Fria e a
ocupação do Iraque iniciada em março de 2003. Objetiva-
se identificar o pensamento estratégico subjacente a estas
campanhas, à luz do conceito de guerra pós-moderna.
Sob a denominação guerras pós-moderna, incluímos aqui
muitas outras denominações que têm sido desenvolvidas
com a evolução do pensamento estratégico, sendo as
principais: guerra omnidimensional, guerra irrestrita,
guerra de quarta-geração e guerra assimétrica. Todas
elas ressaltam a fragmentação e o surgimento de novas
ameaças, acompanhadas da quebra do monopólio
estatal sobre a aplicação da força coercitiva no Sistema
Internacional a partir do crescimento das ameaças bélicas
não estatais, como grupos terroristas e guerrilheiros, cujo
combate traz um enorme desafio para os exércitos dos
Estados nacionais, mesmo estes sendo tecnologicamente
mais avançados. Nessa evolução também estão inseridos
os estudos de Revolução nos assuntos militares atualmente
em curso, sob a sigla RAM ou RMA (Revolution in military
affairs), a respeito da natureza complexa e do futuro da
guerra, que adentrou no debate ocidental ao final do
século XX e está ainda se afirmando. Pode-se afirmar que
os EUA têm ganhado as batalhas em que se envolveram
recentemente, mas estão perdendo as guerras pós-
modernas. São vitórias muito insatisfatórias, na medida
em que ocorrem só em nível militar, indo na contramão
do atual pensamento estratégico que fundamenta
a importância dos aspectos psicossociais de uma
batalha. Apesar de esses elementos estarem presentes
no discurso do próprio governo norte-americano, eles
ainda não foram incorporados nas práticas de guerra.