A inserção internacional do Brasil segundo Os Think Tanks dos Estados Unidos, da Alemanha e da França (2003-2014)
Resumen
O objetivo deste artigo é analisar a produção discursiva dos principais think
tanks especializados em temas de defesa e segurança da Alemanha, dos
EUA e da França a respeito da inserção internacional do Brasil nos anos de
2003-2014 a partir de três aspectos: (1) relações bilaterais; (2) política regional;
e (3) políticas de defesa e segurança internacional. Nesse período, potências
emergentes como o Brasil buscaram adquirir maior autonomia em suas
relações internacionais, o que suscitou interesse nas grandes potências
em compreender o seu novo posicionamento no sistema internacional.
No presente estudo, argumentamos que os think tanks formulam ideias
e discursos que pretendem influenciar a tomada de decisão das grandes
potências e reportamos os principais resultados da análise qualitativa de cento
e doze publicações de onze think tanks, selecionadas a partir de marcadores
pré-definidos. Demonstramos como os discursos veiculados pelos think
tanks europeus enfatizam, sobretudo, a representação do Brasil como um país
cujo relacionamento deveria ser elevado a um novo patamar, como “parceiro
à altura dos olhos”, sobretudo em contraposição à Venezuela. Nos EUA,
por outro lado, identificamos divergências marcadas, com representações
que ora ressaltam o status de potência emergente democrática, responsável
e confiável do país, ora questionam iniciativas brasileiras no campo da
segurança internacional, como a Declaração de Teerã ou a liderança brasileira
na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti.