A projeção internacional da China desde 2008
os investimentos externos diretos através da rota da seda e novas relações de centro-periferia
Résumé
A hipótese central deste artigo é que a iniciativa chinesa
da Nova Rota da Seda (BRI, em inglês) implica a construção
de novas redes na divisão internacional do trabalho que
inserem os países parceiros em uma condição periférica
em relação à China. Embora esteja claro que o ambicioso
projeto de integração da Eurásia, anunciado por Xi Jinping
em 2013 e formalizado em 2017, é por si só uma novidade
de impactos estruturais no sistema internacional, a BRI
é também um produto de profundas transformações
domésticas da China desde o início dos anos 2000 e, para
entender seus impactos atuais, é crucial olhar para as
raízes da inserção internacional chinesa. Este artigo está
dividido nas seguintes seções: i) uma breve discussão das
três principais transformações internas na China desde os
anos 2000; ii) o estatismo econômico chinês no exterior
como subproduto de forças estratégicas e econômicas;
iii) a dimensão simbólico-institucional deste estatismo
econômico; iv) um estudo de caso da projeção chinesa
no Sudeste (SE) da Ásia dividido em duas partes, que
correspondem às duas ondas de investimentos externos
diretos (IED); e v) considerações finais.