A interação entre conflito e sociedade como catalisador de novos conceitos militares
Abstract
Historicamente é possível observar que conflito e sociedade sempre interagiram entre si. Nos primórdios, avanços tecnológicos em armamentos e táticas de guerra aconteceram quando seres humanos substituíram seu estilo de vida baseado na coleta e caça, pelo sedentarismo. Os gregos tinham suas forças baseadas em fazendeiros e na estrutura da falange. A influência de Roma estava enraizada em seu poderio militar com seus militares profissionais, os legionários. Os pequenos reinos que emergiram das ruínas do Império Romano, tiveram como política a sociedade feudal, baseada no contrato entre o senhor e seu vassalo. Em nova rodada de inovações o baixo custo e a fácil operação das armas de fogo tiveram efeito na estrutura militar e numa nova ordem social. É possível identificar processos que se repetem de tempos em tempos. A sociedade, motivada por alguma necessidade, gera tecnologias, que consequentemente têm impactos sobre os conflitos. As mudanças nesses conflitos, compelem o estabelecimento de nova organização ou orientação das forças militares, que por conseguinte acaba por influenciar a sociedade dos homens. A tecnologia digital tem exercido um papel de destaque, propulsando mudanças globais, sua interatividade impele o conflito a buscar influenciar pessoas e, assim, maior legitimidade, impondo um novo fator de decisão para as forças militares, a implicação midiática de suas atitudes. O conflito passa a ter caráter mais civil, não interestatal, ser de baixa intensidade, mas com grande brutalidade, baseado em táticas de terror e guerrilha. Esse ciclo da interação constante entre conflito e sociedade pode estabelecer os alicerces para novos conceitos militares.