Facções de Marte

narrativa e discurso sobre a guerra cotidiana nas páginas do Mercurio Portuguez (1663-1666)

  • Daniel Pimenta Oliveira de Carvalho Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, atualmente cursa o doutorado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, com bolsa do CNPq.
Palavras-chave: Restauração portuguesa, imprensa periódica, narrativas de guerra

Resumo

No Mercurio Portuguez, periódico mensal redigido pelo secretário de Estado português, Antonio de Sousa de Macedo, entre 1663 e 1666, durante o governo de D. Afonso VI, a maior parte de suas notícias retratavam os eventos da Guerra da Restauração, travada desde 1641 contra Castela. Sobre este conflito, a historiografia tem demonstrado o seu grande impacto sobre a vida das populações das zonas de fronteira, assoladas cotidianamente por saques, razias, escaramuças, e outros feitos militares de pequeno porte. Importa neste artigo demonstrar como as narrativas destes sucessos menores tiveram grande relevância para Macedo na construção de seu discurso político, e mesmo em sua transformação ao longo dos quatro anos de publicação. Se a iniciativa de impressão de um periódico revela a intenção política de influenciar a opinião circulante em Portugal, na abordagem do Mercurio sobre esta guerra de pequenos feitos cotidianos encontram-se elementos decisivos de suas estratégias discursivas.

Publicado
2020-06-15