A América do Sul na cartografia renascentista
Palavras-chave:
Cartografia renascentista, mapa–múndi, América do Sul, anamorfoseResumo
A partir dos 1550 a Antuérpia se tornou o principal centro de produção e impressão de mapas-mundi e atlas. Nesses mapas, o Novo Mundo passou a ganhar forma. Entretanto, a matematização da representação do espaço, que caracterizou a cartografia renascentista, não impediu que grandes distorções fossem imputadas aos territórios das colônias ultramar. A falta de conhecimento da realidade geográfica e o imaginário, alimentado por narrativas sobre esses territórios, foram, por vezes, responsáveis pelas deformações. Esta cartografia refletiu o deslumbramento causado pelos enormes tesouros encontrados pelos espanhóis no Peru. Em vários mapas publicados no Renascimento, o território peruano aparece ampliado, chegando a ocupar praticamente toda a área central da América do Sul em detrimento, principalmente, do território brasileiro que, grandemente subdimensionado, chega a parecer uma península. Um olhar atual sobre as imagens disformes da América do Sul nestes mapas nos remete a um anamorfismo. É como se os territórios de Brasil e Peru tivessem sido submetidos a uma transformação espacial na qual o grandiente de distância euclidiano foi convertido em uma nova métrica: os tesouros até então descobertos.