A América do Sul na cartografia renascentista

Autores

  • Maria Márcia Magela Machado Possui graduação em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1985), especialização em Percepção Ambiental pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1992), especialização em Geoprocessamento pela UFMG (1998), mestrado em Geografia pela UFMG (1997) e doutorado em Geologia pela UFMG (2009). Atualmente é professora adjunta do Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências da UFMG.
  • Úrsula Ruchkys Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997), mestrado em Tratamento da Informação Espacial pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2001) e doutorado em Geologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007). Atualmente é professora adjunta do Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais.

Palavras-chave:

Cartografia renascentista, mapa–múndi, América do Sul, anamorfose

Resumo

A partir dos 1550 a Antuérpia se tornou o principal centro de produção e impressão de mapas-mundi e atlas. Nesses mapas, o Novo Mundo passou a ganhar forma. Entretanto, a matematização da representação do espaço, que caracterizou a cartografia renascentista, não impediu que grandes distorções fossem imputadas aos territórios das colônias ultramar. A falta de conhecimento da realidade geográfica e o imaginário, alimentado por narrativas sobre esses territórios, foram, por vezes, responsáveis pelas deformações. Esta cartografia refletiu o deslumbramento causado pelos enormes tesouros encontrados pelos espanhóis no Peru. Em vários mapas publicados no Renascimento, o território peruano aparece ampliado, chegando a ocupar praticamente toda a área central da América do Sul em detrimento, principalmente, do território brasileiro que, grandemente subdimensionado, chega a parecer uma península. Um olhar atual sobre as imagens disformes da América do Sul nestes mapas nos remete a um anamorfismo. É como se os territórios de Brasil e Peru tivessem sido submetidos a uma transformação espacial na qual o grandiente de distância euclidiano foi convertido em uma nova métrica: os tesouros até então descobertos.

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Publicado

2020-06-04